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A compartilhar momentos

1. Hoje. Acordei, vi meus e-mails, peguei minhas coisas para tomar banho e olhei a janela: ufa, não tinha neve. Quando voltei do banho, comecei a escutar o cd Jukebox, da Cat Power, e dei uma ajeitada na minha regular bagunça. Lavei meu rosto, procurei o que comer para o café e, quando estava na faixa 3, “Metal Heart”, abri a janela e tive a surpresa de ver neve caindo. Só consegui ficar parado, olhando para os floquinhos que caíam. Eles não caíam, simplesmente. Alguns pareciam estar subindo, como se viessem do chão! Os floquinhos dançavam no ar, da esquerda para a direita, e eu ouvindo “How selfish of you to believe in the meaning of all the bad dreaming / Metal heart you’re not hiding…”. A letra tem nada a ver, mas a música é tão intensa. E alguns flocos subindo e outros descendo, e eu tentava acompanhá-los, burramente, com um sorriso tolo no rosto. Foi bonito, mas caí na real e fui tomar café. É uma neve tímida; ainda cai lá fora. :)

2. Ontem de manhã fui pegar meu cartão, como falei no outro post, e depois saímos para rodar, tentar comer alguma coisa quentinha, ou sei lá o quê. O que importa é que encontrei meu maior objeto de desejo da face da Terra. Opaaa :D Guardo muita coisa de viagem e sempre tenho a esperança de que vou encontrar ou fazer um caderno de viagens, que seja de folhas lisas, para eu poder colar fotos, recortes de revista, notas fiscais, ingressos, etc etc, e encontrei na Boekenvoordeel por 2,95. Não sei quantas folhas ele tem, mas tem capa dura, folhas A5 de cor bege e espessura de dois biscoitos recheados um em cima do outro. Não queria comprar logo muita coisa, mas estava em promoção: 2 por 5 euros. Comprei :D E vou logo começar a ‘documentar’ minhas andanças.

3. Essa foto foi do Welcome Day, dia 5 de fevereiro. Pelas trilhas do passeio turístico organizado pela ESN (Erasmus Student Network), encontramos esse bar que vendia mojitos, daí paramos para a foto. Quase perdíamos o grupo por entre as ruelas, mas encontramos, e depois nos perdemos de novo.

mojitos!

4. Essa foto foi no… hm… acho que foi sábado passado, há uma semana, dia 6 de fevereiro. Nossas vizinhas sérvias (duas delas nos odeiam, já. mas elas vão embora amanhã) disseram que devíamos ir ao Ikea, pois lá tinha coisas para casa superbarato. Lá fomos nós ao Ikea, obviamente. Mas viramos a rua errada, um cara que não sabia inglês disse para passarmos por um viaduto (esse da foto) e que estaria do outro lado, mas não estava. Em compensação, achamos uma zona industrial superpoluidora, de cheiro terrível, que deve ter arrancado uns 2 anos de nossas vidas, porque o ônibus de volta à civilização das bicicletas (ou seja, o centro de Ghent) não chegava!

capa de CD

5. Muita comida bonita pelas confeitarias e padarias desta cidade. Muita vontade… Mas o precinho, ó! É não.. :D Comer sempre não dá, claro, mas… de vez em quaaando… Tenho que alimentar minhas lombrigas.

nhami-nhami

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Os primeiros altos e baixos

De ontem para hoje a montanha-russa estava ligada. Como alguns acompanharam pelo twitter, tive uma comemoração na badalação, da segunda para a terça, que foi muito boa; me diverti muito. Dormimos ‘tarde’ e acordei tarde, sem muita vontade de sair da cama, ainda com sono. Não tinha sol lá fora, todo mundo tinha saído para suas aulas e eu estava só em casa. Tomei meu café, conversei com umas pessoas do Brasil pela internet, mandei e-mails para professores daqui da Bélgica e até vi um tiquinho de sol. Fiquei feliz por um instante, mas ele logo se apagou. E a internet caiu. E a tristeza bateu. Não pelo meu aniversário, não exatamente por saudade… Não sei o que que era, mas eu tava com sono – e, com sono, viro zumbi -, com frio e me sentindo mal. Saí de casa, e o frio estava uma bosta… Tentei alugar a bicicleta, mas não tinha os documentos… Meu dinheiro tava acabando… Eu queria uma energia que eu já não tinha.

Mas, no caminho de volta – é legal porque, sozinho, fico pensando umas coisas bem loucas – fiquei pensando no que tô fazendo aqui. Acho que só me dei conta ontem sobre a importância que isso pode ter pra mim, e que sou um doido porque sou muito desligado e I’m going to blow everything up eventually. Ontem, eu queria ter aula. Eu queria ter um lugar pra ir: queria ir para o Lepec, nem que fosse pra cortar jornal e aplicar o 2º feng shui do ano.

Meu amigo Alexandre (a.k.a. Xandão) jantou comigo e ficamos conversando até que o pessoal todo chegou com cervejas, um bolinho e um tiramissu. Foi bonito. Eles são legais. Éramos 8 pessoas ontem. Joguei todas as roupas espalhadas no guarda-roupa e couberam 7 sentados e um no chão. Cantaram parabéns pra mim, apaguei ‘vela’ num isqueiro. E tava um puta frio, mas, mesmo assim, duas meninas vieram e foram a pé. Eu estava cansado, ainda meio triste, mas meu coração batia ainda – eu continuava vivo. E eles nem leem este blog, mas digo que gosto muito deles.

E vamos falar de hoje, porque hoje o vagão subiu a montanha-russa. Alguém disse: “Tá nevando lá fora”. E eu: putz, me fodi. Ou, como diria Sofia, irmã da B., “Te FODE”. Pois é, e aí? O que fazer? Correr pra pegar o ônibus pra faculdade, é claro! Na minha primeira aula, cheguei em cima da hora. Só tinha gente rosa, fora eu e uns poucos outros. Era em holandês e teve um monitor e dois professores falando. Eles falaram de Norbert Elias, Freud, Marx, Weber, Durkheim e Van Gennep, porque é um curso sobre civilização e religião, meio interdisciplinar com Sociologia e Psicologia. Apesar do sono, pareceu muito legal e gostei bastante, mas era em holandês. Entendi porque já sabia e porque tinha slide.

Resumindo, depois saiu o sol (e permaneceu até se por, para a alegria de todos), depois almocei comida de verdade no almoço, depois aluguei minha bicicleta finalmente, depois pedalei por um parque com o Alexandre, depois caí da bicicleta uma vez, depois começou a nevar, depois mudei meu horário de holandês, depois me perdi pela cidade, depois começou a nevar mais forte, depois me esbarrei com a coordenadora do meu curso (também de bike) e ela me ensinou a chegar ao Vrijdag Markt, onde comprei minhas futuras alimentações no Carrefour.E poxa, Carrefour é muito bom, porque tudo tem identificação em francês e holandês :)

Pedalei feliz porque tinha sol, porque tive aula (me senti útil – acho que eu tenho uma coisa de capricórnio com o trabalho..), porque eu tinha uma bicicleta, porque eu tava quentinho com minhas roupas (hoje foram 4 peças: camiseta, camisa de botão, pulover e casaco cinza – além do cachecol, gorro, ceroula e calça). E confesso que, pela primeira vez, achei que não seria tããão ruim assim morar na Bélgica: contanto que tivesse sol, um trabalho pra mim e que eu pudesse me locomover legal e quentinho.

Outra confissão: liberei a criança cearense que eu reprimi até sair da aula. Sim, tirei minha luva e congelei meu dedo na neve, tirei fotos, pulei num montinho de neve só pra ver minha pegada, sorri quando começou a nevar… Sim, sou cearense, para o orgulho geral. Mas isso todo dia cansa. Assim como sol todo dia nos cansa na terra brasilis. Mas escorreguei 2 vezes na calçada, por conta do gelo #TENSO

:)

ps: eu falo muito.. :T

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Vamos falar mal

Para meus inimigos, boa notícia: http://www.weather-forecast.com/locations/Ghent/forecasts/latest Vou me lascar muito nos próximos dias. Um “nativo” disse antes de ontem que a tendência era ficar mais quente, mas não, não, não: vai esfriar. Hoje peguei 0ºC e o vento friozaço.

Meu café da manhã hoje foi bom, e saí daqui umas 9h15 para resolver as últimas pendências – fiz muita coisa hoje, mas ainda falta a bicicleta, e, enquanto isso, vamos torneando as pernocas. Saí pelas ruas, maldizendo o tempo frio, o inverno, os cearenses adoradores de inverno, que acham que isto é uma maravilha, mas não é, e tudo mais que está relacionado a isso. Cara, frio é ruim e PONTO. Não gostaria de morar num lugar assim minha vida toda… Inverno é bom dentro de casa, ou nos cafés (tomei 2 hoje), ou para quem tem namorada, ou para as crianças durante 1 hora de neve… Isso tudo é ótimo: além disso, não dá.

Quando eu estava chegando na reitoria, começaram a aparecer uns pontos brancos na minha roupa. Pareciam gotas de água, só que brancas e estranhas. De repente, meu casaco tava cheio desse troço. Eram pedrinhas de gelo caindo do céu, mas foi pouco tempo. Quando saí da reitoria já havia acabado. Hoje o dia inteiro foi frio… Meu nariz ficou vermelho e ressecado. Comprei uma caixa de lenços para quando houver necessidade e comprei café também (vou fazer já, já). O caminho de volta pra casa foi muito frio, e eu já nem sentia minha boca, minhas orelhas, meus dedos, meu… nada.

* * *

Para todos que riram de mim no banho, :P seus safados. É um saco ficar se mexendo na cozinha para o sensor. Para quem falou que eu sou fraco e fiquei gripado, senhorita Mjay, você pegou outono na Alemanha, e não inverno. Para quem ama waffles, hoje comi um muito gostoso. Para quem é ecologicamente correto, eles usam muito bicicleta aqui (em compensação, as indústrias… – depois falo melhor disso). Para os vegetarianos, comprei pizza veggie, macarrão e lasanha – viu, Ju? Lasagnaa E, falando lasagna, é engraçado falar com os italianos, porque eles misturam inglês e italiano, e a gente fica “Va benne”, ou então “ciao”, ou “Naaapoli”. Napoli já virou nossa gíria para identificá-los todos. Chamamos o proprietário da casa de Beiçola – ou, carinhosamente, Beiça. Tem um chinês – apelido interno nosso: “o China” – que é muuito comédia: sempre pára pra dar tchau pra gente, corre parecendo um doidinho, é sempre muito simpático. E tem uns turcos que sempre encontramos por aí, que são do Erasmus também.

Ah, eu queria liberar todo o meu ódio com o frio e maldizer tudo, mas acabei escrevendo coisas superlegais… Meu coração é de oooouro. ahehaeuha Brinks, ein. :D

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